Kiev rejeitou o ultimato de Moscovo para render Mariupol. De acordo com as autoridades ucranianas, a rendição a cidade portuária no sul do país está “fora de questão“.
O prazo anunciado pela Rússia para o estabelecimento de corredores humanitários que permitissem a evacuação de Mariupol foi ultrapassado esta madrugada e para Moscovo, “os 130 mil civis que são usados como reféns“ arriscam agora tribunal militar.
O ultimato tinha sido feito pela voz de Mikhail Mizintsev, diretor do Centro de Defesa Nacional Russo: “Apelamos às Forças Armadas da Ucrânia, aos batalhões de defesa territorial e aos mercenários estrangeiros para pararem as hostilidades. Baixem as armas e utilizem os corredores humanitários acordados com a Ucrânia para entrar nos territórios controlados por Kiev.“
Os ataques contra civis também não abrandam. Em Kiev, o bombardeamento a um centro comercial provocou pelo menos seis mortes e na martirizada Mariupol desconhece-se ainda o número de vítimas provocadas pelo ataque a uma escola de arte.
Volodymyr Zelenskyy, Presidente da Ucrânia, acusou a força aérea russa de estar por trás do bombardeamento, revelando que “era aí que as pessoas se refugiavam, escondiam-se das bombas e dos ataques. Não era uma posição militar. Estavam lá cerca de 400 civis.”
De acordo com o Pentágono, os ataques contra civis devem-se ao impasse verificado na ofensiva militar dos russos. Em entrevista à CBS, Lloyd Austin, responsável pela pasta da Defesa no governo dos EUA, disse ainda que caso seja usada alguma arma química ou biológica, é de esperar uma “_reação significativa não só dos Estados Unidos, mas da comunidade globa_l”.
O discurso norte-americano endurece, na semana em que Joe Biden vem à Europa para discutir a guerra na Ucrânia com os líderes europeus e com a NATO, que através de Jens Stoltenberg mostrou uma vez mais o apoio à Ucrânia e garantiu estar pronta para defender os aliados da organização.
Bombardeamentos dos bairros residenciais de Kiev: Morte e destruição
Num bairro residencial de Kiev, a repórter da Euronews, Anelise Borges, faz o relato do despertar de segunda-feira, após os bombardeamentos da madrugada. Desolação, morte e destruição.
“Pelo menos 8 pessoas foram mortas quando este bairro residencial foi atingido por bombardeamentos nas primeiras horas da manhã de segunda-feira.
Nesta zona, vários blocos de apartamentos foram parcialmente destruídos, como se pode ver atrás de mim, este parque de estacionamento do centro comercial aqui foi completamente destruído. As equipas de emergência correram para o local para tentar apagar as chamas e, claro, os relatos de vítimas continuam a aparecer, continuam a evoluir.
Nos últimos dias, vários bairros residenciais em toda a capital ucraniana foram atingidos por bombardeamentos. Na maioria das vezes, por mísseis que foram intercetados pelo sistema de defesa aérea ucraniano.
Esta área tem sido muito fustigada e, atrás de nós, este edifício residencial tem as janelas completamente estilhaçadas.
Por enquanto, os soldados ucranianos dizem que estão a manter posições em múltiplas frentes nos subúrbios de Kiev, mas claro que o som das explosões e destes bombardeamentos está a aproximar-se cada vez mais do coração da capital ucraniana”.
Euronews