O mundo já está perigosamente sobreaquecido e as alterações climáticas estão a acelerar, afirma a Organização Meteorológica Mundial (OMM), no início da Cúpula das Nações Unidas sobre o Clima (COP29), que teve lugar em Baku, capital do Azerbaijão, na segunda-feira.
O último relatório da OMM sobre o estado global do clima para 2024 mostra que a última década foi a mais quente de que há registo.
É exatamente o que os cientistas previram, de acordo com a secretária-geral da organização, Celeste Saulo.
“Não é uma surpresa. E temos de reconhecer que os cientistas têm vindo a assinalar este fato há muitos anos – mais de 30 anos, para ser precisa – e que o que é uma surpresa é a lentidão da reação”, afirmou Saulo.
O relatório da OMM segue-se aos últimos dados do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus (C3S), que na semana passada declarou que 2024 será o ano mais quente de que há registo.
Os peritos em meteorologia da ONU presentes na cimeira COP29 em Baku afirmam que as temperaturas globais já aumentaram 1,3 graus Celsius em comparação com a média pré-industrial. O mundo registrou temperaturas da superfície do mar sem precedentes, o degelo das calotas polares, secas e inundações graves, como se verificou recentemente na Espanha.
“Penso que as pessoas não estão preparadas para acontecimentos desta natureza, que há um desafio terrível na criação de protocolos que permitam às pessoas prepararem-se e reagirem adequadamente à intensidade dos fenômenos que enfrentamos”, explicou Saulo.
Os especialistas em clima e os participantes no primeiro dia da Cúpula COP29 concordaram que as perspetivas são sombrias – as emissões de gases com efeito de estufa podem eaté diminuir na Europa, mas continuam a aumentar em todo o mundo.
Quer o CO2 seja libertado em Pequim, Baku ou Berlim, o resultado é o mesmo: mais gases que retêm o calor na atmosfera conduzem a temperaturas mais elevadas, afetando toda a gente em todo o mundo.
Espera-se que as delegações de países de todo o mundo se reúnam para tentar limitar as emissões de gases com efeito de estufa e, em última análise, o aquecimento global.
No mês passado, as temperaturas médias na Europa atingiram 10,83°C – 1,23°C acima da média de 1991-2020, tornando outubro o quinto mais quente de que há registo e o segundo mais quente a nível mundial. euro news