O gabinete de direitos humanos das Nações Unidas admite que tenham sido cometidos crimes de guerra pelas forças israelitas e grupos armados palestinianos durante a operação que culminou com a libertação de quatro reféns israelitas na Faixa de Gaza no fim de semana passado.
O porta-voz do gabinete, Jeremy Laurence, manifestou preocupação com possíveis violações dos princípios da proporcionalidade, distinção e precaução das forças israelitas no sábado, na operação no campo de refugiados urbano de Nuseirat.
Segundo a AP, o responsável assinalou ainda que os grupos armados palestinianos que estão a deter reféns em áreas densamente povoadas estão igualmente a colocar em “risco acrescido” as vidas dos reféns e dos civis.
Fontes do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, garantem que morreram pelo menos 274 palestinianos na operação do passado fim de semana, incluindo dezenas de mulheres e crianças.
“Todas estas ações de ambas as partes podem constituir crimes de guerra”, disse o porta-voz do gabinete da ONU numa conferência de imprensa em Genebra, na Suíça.
“Foi catastrófico, a forma como foi levado a cabo, na medida em que os civis – mais uma vez – foram apanhados no meio disto”, acrescentou Laurence, referindo-se tanto à operação militar israelita do fim de semana como também ao conflito de mais de oito meses entre Israel e o Hamas, que teve início a 7 de outubro de 2023.
Referindo-se ainda à “provação” enfrentada pelos reféns israelitas e as suas famílias, o porta-voz da ONU precisou: “O facto de quatro reféns estarem agora livres são claramente muito boas notícias. Este reféns nunca deveriam ter sido levados, em primeiro lugar. É uma violação da lei humanitária internacional. Têm de ser libertados. Todos eles. Imediatamente”, sublinhou.
Os israelitas festejaram no passado sábado o regresso de Noa Argamani, 26 anos, Almog Meir Jan, 22 anos, Andrey Kozlov, 27 anos, e Shlomi Ziv, 41 anos, no sábado, depois de as forças israelitas terem atacado dois locais ao mesmo tempo, sob fogo.
A operação, no centro de Gaza, foi a maior operação de salvamento desde 7 de outubro, quando o Hamas e outros militantes atravessaram a fronteira, matando cerca de 1200 pessoas e fazendo cerca de 250 reféns.