Uma resolução destinada a assinalar 11 de julho como Dia Internacional da Memória do Genocídio de Srebrenica, impulsionada pela Alemanha e Ruanda, foi aprovada pela Assembleia-geral das Nações Unidas, esta quinta-feira.
A iniciativa tem em vista comemorar anualmente o genocídio de Srebrenica na Bósnia em 1995 e enfrentou a forte oposição dos sérvios na Bósnia e na vizinha Sérvia.
Os defensores da resolução dizem que a mesma é necessária para que o massacre não seja negado ou esquecido.
O Governo sérvio opôs-se ao texto proposto pela Alemanha e pelo Ruanda e apoiado por mais de 12 países, considerando que pretende “estigmatizar” os sérvios e estabelecer uma “hierarquia” entre as vítimas das guerras.
Em julho de 1995, a cinco meses do final da guerra civil iniciada na Bósnia-Herzegovina durante a primavera de 1992, cerca de 7.500 homens e rapazes muçulmanos bósnios em idade de combater foram mortos na sequência do assalto militar das forças sérvias bósnias, entre 6 e 11 de julho.
Os sérvios bósnios invadiram uma área segura protegida pela ONU em Srebrenica e separaram muçulmanos bósnios das famílias. Aqueles que tentaram escapar dos centros de detenção foram perseguidos e massacrados.
Os assassinatos de Srebrenica foram o culminar sangrento da guerra da Bósnia 1992-95, que se seguiu após a dissolução da então nação da Jugoslávia, desencadeando desejos nacionalistas e ambições territoriais que colocaram os sérvios bósnios contra as outras duas principais populações étnicas do país, croatas e bósnios muçulmanos.
Tanto a Sérvia como os sérvios bósnios negaram que o genocídio tenha acontecido, embora isso tenha sido reconhecido por dois tribunais da ONU.
Em 2004, o extinto Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ) determinou que os crimes cometidos em Srebrenica em julho de 1995 constituíam genocídio, uma deliberação apoiada pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), o principal órgão judicial das Nações Unidas, em 2007.
Além de incluir uma proclamação do 11 de julho como “Dia Internacional da Memória do Genocídio cometido em Srebrenica em 1995“, o documento condena ainda “qualquer negação do genocídio de Srebrenica” e ações que glorifiquem os condenados por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.
Também exorta os Estados-membros a “preservarem os factos estabelecidos, incluindo através dos seus sistemas de ensino”.
A resolução solicita ainda ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que estabeleça um programa com atividades e preparativos para o 30.º aniversário de Srebrenica, em 2025. euro news