As Nações Unidas lançaram nesta quarta-feira a Visão Geral Humanitária Global para 2025, solicitando US$ 47,4 bilhões. O valor visa fornecer auxílio a 189,5 milhões de necessitados no mundo, mais da metade do total de 305,1 milhões que precisam de assistência.
Moçambique, com 2,5 milhões de pessoas em necessidade de ajuda, é o único país de língua portuguesa que integra a lista dos beneficiários de fundos de resposta. Cerca de 2 milhões delas devem receber apoio orçado em US$ 485 milhões no próximo ano.
Pessoas mais vulneráveis do mundo
Para o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, o mundo lida com uma combinação de crises e os mais vulneráveis “são os que mais sofrem o impacto de múltiplos conflitos e das crises mais brutais e com uma duração média de 10 anos”.
Num período marcado por várias eleições e mudanças políticas, o chefe humanitário disse que não se trata “apenas da América, mas de um ano de eleição de vários governos que questionarão mais o que as Nações Unidas fazem”.
Em declarações a jornalistas na apresentação da publicação, Fletcher considerou dramáticos os casos de Gaza, Sudão, Ucrânia com conflitos onde é observado “o desrespeito ao direito internacional e, em todos os casos, uma obstrução da ação humanitária”.
Para ele, em áreas já caracterizadas pelas sequelas da pobreza e da desigualdade, a combinação da guerra e da crise climática aumenta o temor de interrupção das ações de assistência para os mais vulneráveis.
Recordes de abusos a crianças
Com um total de 123 milhões deslocados à força por razões como conflitos em todo o mundo, o coordenador humanitário realçou um contexto de violações recordes contra crianças. No Sudão, um quinto dos menores está atualmente vivendo em uma zona de conflito.
Como prioridade, o chefe humanitário da ONU aponta a necessidade de uma atuação internacional para garantir o acesso à ajuda.
No lançamento desta quarta-feira nas cidades de Genebra, Kuwait e Nairóbi, a ONU quer fazer pressão por maior respeito e compreensão das leis de guerra e do direito internacional humanitário pelos combatentes, para que sejam protegidos civis e equipes de ajuda que este ano registraram níveis históricos de mortes.
Efeitos do subfinanciamento
Fletcher disse que “a questão não é apenas relacionada à brutalidade desses conflitos em Gaza, na Ucrânia, no Sudão ou na Síria, mas a negligência deliberada do direito internacional humanitário.”
Os fundos solicitados para 2025 deverão ser aplicados em coordenação com 1,5 mil parceiros na oferta de assistência essencial no terreno quando persiste a falta de fundos. Até novembro estavam disponíveis apenas 43% do apelo de US$ 50 bilhões cobrindo todo o ano de 2024.
Os efeitos do subfinanciamento levaram a uma redução de 80% na assistência alimentar na Síria, a cortes nos serviços de proteção em Mianmar, a redução de apoio com água e saneamento no Iêmen em meio à cólera e ao aumento da fome no Chade. onu news