“Os refugiados não podem ser esquecidos”, afirma Acnur em Fórum Global

Na abertura do Segundo Fórum Global de Refugiados nesta quarta-feira, o alto comissário da ONU para Refugiados destacou que os 114 milhões de refugiados hoje no mundo refletem “muitas crises da humanidade”; ele alertou para o risco de que o tema se perca em meio a vários outros desafios.

Acnur/Samuel Otieno

114 milhões de sonhos destruídos, vidas interrompidas e esperanças perdidas. Segundo o chefe da Agência de Refugiados da ONU, Filippo Grandi, essas são as histórias reais por trás dos números de pessoas que buscam abrigo.

Essa é a quantidade atual de refugiados e deslocados que perseguições, violações dos direitos humanos, violência, conflitos armados, graves desordens públicas forçaram a abandonar as suas casas.

Risco de esquecimento

Ao discursar na abertura do Segundo Fórum Global de Refugiados nesta quarta-feira em Genebra, Grandi afirmou que o número reflete “muitas crises da humanidade”.

No entanto, o total representa também “a generosidade e a hospitalidade das pessoas que abrem os seus corações e casas aos que fogem”, acrescentou ele.

O líder do Acnur apelou para que “os refugiados não sejam esquecidos em meio à multiplicidade de outros desafios, alguns dos quais podem parecer maiores e mais urgentes”.

Aos participantes do fórum, que reúne diversos líderes mundiais na cidade suíça, ele pediu compromisso com algumas ações básicas necessárias para responder ao deslocamento forçado.

Principais focos de descolamento

Dentre elas estão proteger as pessoas que se encontram nesta situação, garantir que os refugiados tenham o poder de contribuir para as comunidades e nações que lhes dão refúgio, redobrar os esforços para resolver as situações de asilo e aumentar esforços para combater as causas profundas das fugas.

Apesar de não estar no mandato do Acnur, Grandi fez referência à “grande catástrofe humana que está se desenrolando na Faixa de Gaza”, que pode resultar em “mais mortes e sofrimento de civis, e mais deslocamentos que ameaçam a região”.

Ele também pediu atenção e apoio para a situação dos civis no Sudão e na Ucrânia, que envolvem milhões de refugiados e deslocados.

Além disso, o representante da ONU citou crises prolongadas como a situação da minoria rohingya, a crise na Síria, no Afeganistão, os combates na República Democrática do Congo, a crescente insegurança no Sahel, os dramáticos fluxos populacionais através das Américas, do Mediterrâneo e da Baía de Bengala, e muitos outros.

Pacto Global

Ele ressaltou que a maioria destas crises persiste “devido à falta de soluções políticas para os conflitos” e são cada vez mais combinadas com as alterações climáticas e outras emergências.

“Tudo isso deixa os cidadãos comuns expostos a terríveis dificuldades, a violações de direitos humanos, a deslocamentos”, disse ele.

O Pacto Global para os Refugiados, firmado pelas Nações Unidas em 2018 serve como base para o Fórum, concebido com o objetivo de buscar maior compartilhamento de responsabilidades em matéria de refugiados.

Progressos

Segundo Grandi, desde o primeiro Fórum Global, realizado em 2019, foram observados progressos no avanço da autossuficiência dos refugiados e na redução da dependência da ajuda.

Ele destacou também o progresso liderado pelos países de acolhimento que adotaram políticas que não apenas fornecem acesso ao território e à segurança, mas também aos serviços de educação e saúde ou, em alguns casos, à terra.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, investir no desenvolvimento sustentável é a única forma de reduzir os níveis históricos de deslocamento forçado.

A agência defende que esse tipo de aplicação de fundos pode satisfazer as necessidades dos refugiados e das comunidades e aliviar a pressão sobre os países de acolhimento e sobre aqueles que acolhem os repatriados. onu news