Esta parte da entrevista que explora temas sobre a digitalização inicia com a análise da integridade de informação aliada à governação e ao impacto da internet nas relações em campos como economia, cultura, informação e política. Este foi o foco do evento NETmundial+10 que terminou na segunda-feira.
Guilherme Canela: Olá, muito obrigado. É sempre um prazer falar contigo e com os aqueles que seguem a ONU News em português. No marco da presidência brasileira do G20, o Brasil está organizando uma série de discussões nos próximos dias sobre a integridade informacional. Então, primeiro vai haver um evento muito grande sobre a governança da internet, que se chama NETmundial+10, porque justamente dez anos atrás, aqui também em São Paulo, onde eu me encontro nesse momento, houve uma primeira grande discussão sobre o futuro da governança da internet. E essa discussão, dez anos depois, vai voltar a ter lugar aqui em São Paulo nesses próximos dias. E junto com esse tema super importante da governança da internet, o Brasil decidiu organizar um seminário internacional, de novo, no marco da presidência brasileira do G20, sobre esse tema tão relevante e ao mesmo tempo tão difícil de integridade informacional, com um foco bastante concreto na discussão da governança das plataformas digitais, com aquele objetivo de sempre: como a gente consegue manter e proteger a liberdade de expressão ao mesmo tempo que se mitigam riscos importantes, como por exemplo, desinformação, discurso do ódio, etc. Esses vão ser os grandes temas. Estão vindo para o Brasil atores dos mais diferentes setores das Nações Unidas, de governos, da sociedade civil, da academia… Vão estar aqui nos próximos dias para essa discussão.
ONU News: Esta questão da inteligência artificial e seu uso nos mídia, se é benéfico ou mais benéfico do que prejudicial. A outra questão também, portanto, que é a importância de estar à frente. Portanto, neste processo, a Unesco que posicionamento é que deseja deixar nestes eventos?
GC: Bom, como os que seguem a ONU News seguramente se recordarão, no ano passado, a Unesco lançou linhas diretrizes globais sobre a governança das plataformas digitais, justamente com o objetivo de proteger a liberdade de expressão enquanto lidamos com questões importantes, como é o caso do combate à desinformação e o discurso do ódio. O que a Unesco fará ao longo desses dias aqui no Brasil é reforçar esta posição, que, sim, é possível fazer uma nova governança do ecossistema digital, protegendo a liberdade de expressão, mas também combatendo esses fenômenos que têm gerado tantos problemas para as nossas democracias, têm gerado os problemas para a proteção e promoção dos direitos humanos em geral e inclusive para discussão meio ambiental, que é o tema do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa deste ano. E até por isso, o governo brasileiro decidiu fazer esses eventos nesta semana para que eles também estejam conectados com as discussões do dia 3 de maio, que é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
ON: Algo mais a dizer sobre estes encontros que o Brasil acolhe? Antes de partirmos para um outro tema que é exatamente a cobertura e a liberdade de imprensa em outras partes do mundo.
GC: Eu acho que é importante sublinhar que este ano nós temos no mundo todo discussões muito importantes que vão estar conectadas com a Cúpula do Futuro em Nova Iorque, em setembro, que inclui também, por exemplo, o Pacto Global Digital – Global Digital Compact. Então, essas discussões que vão ter lugar aqui no Brasil nos próximos dias, seguramente serão insumos importantes para as discussões que depois vão ocorrer na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro. Isso mostra o quanto que o mundo todo está preocupado em encontrar soluções para esses temas, que são temas tão prementes das nossas agendas.
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