“Sem a Educação Inclusiva não vamos a lugar nenhum”, afirma Dom Severino Clasen no lançamento da Campanha da Fraternidade em Maringá

"Sem a Educação Inclusiva não vamos a lugar nenhum", afirma Dom Severino Clasen no lançamento da Campanha da Fraternidade em Maringá

É em meio a uma pandemia e a um iminente conflito mundial que a igreja católica chama a atenção para a necessidade de investir na educação inclusiva, e o faz colocando o tema em primeiro plano na Campanha da Fraternidade de 2022. 

O lançamento em Maringá aconteceu na manhã desta quarta-feira de cinzas (02) no Salão Nobre do Instituto de Educação de Maringá. 

Dom Severino Clasen, Arcebispo Metropolitano disse em entrevista a O FATO MARINGÁ “que sem educação não existe formação do ser humano” e que é necessário criar condições para que as pessoas vivam aquilo que elas aprenderam como valores. 

O Arcebispo disse que a educação vem sendo questionada no Brasil e que a igreja tem um compromisso social que está intimamente ligado à educação inclusiva.  

O lançamento da Campanha da Fraternidade acontece em concomitância com o início da Quaresma. 

Veja as entrevistas realizadas com os protagonistas do lançamento na cidade de Maringá

O assessor eclesiástico da Pastoral da Educação na Arquidiocese de Maringá, padre Leomar Montagna disse em entrevista a O FATO “que a pandemia evidenciou os problemas estruturais da sociedade”, e que entre esses problemas está a educação. 

“Assim como os governos investiram maciçamente em Saúde neste período pandêmico

para derrotar um inimigo comum, agora é hora de fazer o mesmo com a educação”.

Leomar lembra que 80% dos estudantes estão precisando de reforço escolar por causa do período de isolamento imposto pela questão sanitária. “É preciso que se libere mais verbas para recuperarmos esse tempo que foi deficitário para o sistema educacional do país”, reforçou Montagna, que além da assessoria eclesiástica da educação atua também como pároco na cidade de Sarandi. 

O deputado estadual Evandro Araújo (PSC) elogiou a escolha do tema e disse que é prova de que a igreja está atenta às necessidades da população

“Esse um momento em que a igreja deixa os templos e vai para as ruas, para as escolas e encontra a sociedade para debater temas que interessam a todos, e colocar a educação ao centro do tema da Campanha da Fraternidade é um grande acerto da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pois vivemos um tempo de intolerância e de falta de diálogo que é fruto de uma decadência nos investimentos no setor”, disse o deputado Evandro Amaral (PSC). 

“A CNBB acertou na escolha do tema e nós como prefeitura temos uma grande responsabilidade

já que nos ocupamos da educação das crianças nos primeiros cinco anos de educação”, disse o prefeito Ulisses Maia

O prefeito Ulisses lembrou que atualmente o município tem a missão gerir o sistema educacional de mais de 40 mil crianças no momento mais importante de suas vidas

“A CNBB acertou na escolha do tema e nós como prefeitura temos uma grande responsabilidade já que nos ocupamos da educação das crianças nos primeiros cinco anos de estudos”, disse Ulisses, ressaltando que a pandemia trouxe novos problemas e evidenciou antigos que precisam ser resolvidos com investimentos”.

Ulisses lembrou que o município tem obtido bons resultados porque está investindo nas escolas municipais, nas carreiras dos professores, em materiais didáticos, e que tudo isso tem se refletido nos índices que analisam a qualidade do ensino. “Maringá obteve uma das maiores notas do Brasil no Índice de Desenvolvimento de Educação básica – IDEB, mas precisamos que essa nota 7.2, se reflita também naquilo que vem depois, pois notamos que a qualidade do ensino nas escolas estaduais ainda está aquém do necessário”, concluiu.   

Sobre a Campanha da Fraternidade

Na apresentação do texto-base da campanha de 2022, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destaca que “a Quaresma é um tempo favorável para a conversão do coração” e que a CF, realizada pela Igreja no Brasil desde 1964, tem como propósito de ser um caminho para que os cristãos vivam a espiritualidade quaresmal com o sentido de mudança e transformação pessoal rumo à solidariedade a um problema concreto da sociedade brasileira.

A apresentação do texto-base afirma que a realidade da educação interpela e exige profunda conversão de todos. “Verdadeira mudança de mentalidade, reorientação da vida, revisão das atitudes e busca de um caminho que promova o desenvolvimento pessoal integral, a formação para a vida fraterna e a cidadania. O documento convida a todos a ver a realidade da educação em diversos âmbitos, iluminá-la com a Palavra de Deus, encontrando e redescobrindo meios eficazes que favoreçam processos mais adequados e criativos afim de que ninguém seja excluído de um caminho educativo integral que humanize, promova a vida e estabeleça relações de proximidade, justiça e paz”, diz um trecho.

Trata-se, em 2022, da terceira vez que a Igreja no Brasil vai aprofundar o tema da educação em uma Campanha da Fraternidade. Agora, a reflexão será impulsionada pelo Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco. “Ao longo da caminhada quaresmal, em que a conversão se faz meta primeira, recebemos o convite para busca os motivos de nossas escolhas em todas as ações e, por certo, naquelas que dizem respeito mais diretamente ao mundo da educação”, convida a presidência da CNBB.

 

Gesto concreto – A Campanha da Fraternidade tem como gesto concreto a Coleta Nacional da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos nas comunidades de todo o Brasil. Os recursos são destinados aos Fundos Diocesanos e Nacional da Solidariedade, os quais apoiam projetos sociais relacionados à temática da campanha. Em 2021, o Conselho Gestor do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), da CNBB, apoiou 80 projetos, nos quais as entidades que se candidataram se comprometeram, entre outros aspectos, a prestar contas periódicas de sua efetivação e resultados.